05/02/2023 – 2º Domingo da Quaresma – ANO A – 12º Dia da Quaresma
LEITURAS
1ª: Gn 12, 1-14 – A vocação de Abraão
– Salmo 32(33) – “Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, venha a vossa salvação.”
– 2ª leitura: 2Tim 1, 8-10
– Evangelho: Mateus 17, 1-9 – Jesus se transfigura no Monte Tabor
A Palavra de Deus, neste 2º Domingo da Quaresma, nos fala sobre escuta e obediência à vontade de Deus.
A 1ª leitura de hoje nos fala uma mensagem de grande profundidade, já que estamos com um texto teológico. Olhando para os capítulos anteriores ao texto de hoje, vamos ver que o povo que escolheu o pecado e que se afastou de Deus. Mesmo assim, Deus não desiste da humanidade e continua insistindo em caminhar ao seu lado. Aqui temos uma “eleição”, um convite para uma difícil tarefa: ser um sinal de Deus no meio dos homens. Deus escolhe Abraão, chamando-o para deixar a sua terra com a sua família e partir para outra terra. O convite vem junto com uma bênção e uma promessa: a sua descendência será numerosa. É importante aqui lembrar o que significa para o povo antigo abandonar a sua terra, a pátria e a família. Era praticamente não achar sentido para a vida, aventurando-se no que pouco se podia esperar. Abraão arrisca tudo e lança-se nas mãos de Deus apostando num futuro nebuloso e incerto. Permanecendo mudo, não discute e nem se coloca em contrário, simplesmente se coloca a caminho, deixando o seguro para apostar em algo que não é certo, confiante apenas na Palavra de Deus. Fé, confiança total e obediência incondicional à vontade de Deus marcaram a decisão de Abraão. E Deus responde a Abraão com uma promessa de bênção, uma descendência numerosa e a promessa de uma terra.
Na 2ª leitura, São Paulo dirige-se a Timóteo e lhe faz um convite para que possa superar a sya timidez e a ser fiel e forte no seu testemunho de fé. Ele lembra a Timóteo que Deus quer gratuitamente salvar a humanidade e chamá-la à santidade. Para isto Jesus destruiu a morte e o pecado e ofereceu a todos a vida plena e definitiva Paulo e Timóteo são as testemunhas disso e não podem ficar calados diante das comunidades que se encontram na época enfraquecidas diante das perseguições e dificuldades. Elas precisam ser fiéis à missão que Deus lhes confiou, como testemunhas vivas, entusiastas e corajosas do projeto de salvação e amoroso de Deus.
O Evangelho nos ensina que Jesus é o Filho de Deus e que ele nos trouxe um projeto de vida vem de Deus. Jesus está num monte onde se dá uma revelação. O monte é sempre, na Escritura, o lugar onde Deus se revela e faz uma aliança com o seu povo. Quando fala da mudança do rosto e das vestes de brancura resplandecente recorda o resplendor de Moisés, ao descer do Sinai, depois de se encontrar com Deus e de ter as tábuas da Lei.
A nuvem, por sua vez, indica a presença de Deus: era na nuvem que Deus manifestava a sua presença, quando conduzia o seu Povo através do deserto (cf. Ex 40,35; Nm 9,18.22; 10,34). Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas; além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva. O temor e a perturbação dos discípulos são a reação lógica de qualquer homem ou mulher diante da manifestação da grandeza, da onipotência e da majestade de Deus (cf. Ex 19,16; 20,18-21).
As tendas parecem aludir à “festa das tendas”, em que se celebrava o tempo do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em “tendas”, no deserto. A mensagem fundamental pretende dizer quem é Jesus. Recorrendo a simbologias do Antigo Testamento, é o Filho amado de Deus, em quem se manifesta a glória do Pai. Ele é, também, esse Messias libertador e salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas (Elias). Mais ainda: ele é um novo Moisés – isto é, aquele através de quem o próprio Deus dá ao seu Povo a nova lei e através de quem Deus propõe aos homens uma nova aliança. Da ação libertadora de Jesus, o novo Moisés, irá nascer um novo Povo de Deus. Com esse novo Povo, Deus vai fazer uma nova aliança; e vai percorrer com ele os caminhos da história, conduzindo-o através do “deserto” que leva da escravidão à liberdade.
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