Após os badalados dias de Carnaval, o mundo age como se fosse apenas mais um dia. Para nós, católicos, inicia-se um tempo de oração e penitência: o tempo da Quaresma, em que devemos estar preparados.
A Quaresma é um tempo especial, dedicado a um combate mais denso contra as nossas tendências pecaminosas. “Não se trata apenas de um período em que a Igreja simplesmente se veste de roxo, mas de um kairós, ou seja, um tempo oportuno para nossa conversão.” O tempo da Quaresma é esse tempo em que o homem passa quarenta dias meditando sobre a Paixão de Nosso Senhor, no desejo ardente de se afastar de toda maldade que há em nós, e na Páscoa, ser uma nova pessoa para Ele.
Para viver bem esse período, devemos conhecer que somos pecadores e que precisamos da graça divina. “Afinal, o que a Igreja deseja não é somente a nossa libertação do pecado, mas a nossa santificação e configuração a Cristo; ela quer, portanto, a nossa conversão mais profunda.”
Na Quaresma, a Igreja nos exorta a praticar a caridade, o silêncio, o jejum e, sobretudo, a oração, como descrito no Sermão da Montanha (Mt 6).
Oração:
A oração é o combustível para todo aquele que deseja seguir os passos de Jesus. É nela que deve estar fundamentado cada dia, desde o despertar até o momento de repousar. Nos exorta Santa Tereza D’Ávila que
“O essencial não é pensar muito – é amar muito”.
Rezar é muito mais do que pensar: é cultivar um relacionamento com Deus. A santidade não consiste simplesmente em seguir os mandamentos, mas em aumentar o amor para com Deus. Para ser santo é preciso progredir no amor, e este, por sua vez, cresce quanto maior e mais frequente é a oração que se faz.
Praticar a Oração:
A Igreja nos indica como oração a Liturgia das Horas, que compreende Laudes, Hora Média, Vésperas e Completas. Por serem realizadas durante os principais momentos do dia, nos leva a pensar em Deus em cada momento. Há também a oração do rosário ou do terço, que nos leva a meditar sobre os acontecimentos da vida de Jesus. E como forma de ter uma profunda intimidade com Jesus, há a oração espontânea, aquela que é feita na simplicidade de cada coração.
Além dessas, há muitas outras orações que podemos nos aprofundar neste tempo.
Caridade e Jejum:
Trata-se da caridade fraterna. Este tempo santo deve abrir nosso coração para os irmãos: esmola, capacidade de ajudar, visitar os doentes, aprender a escutar os outros, reconciliar-se com alguém de quem estamos afastados – eis algumas das coisas que se pode fazer neste sentido!
“O que a oração pede, o jejum alcança e a esmola recebe. O jejum é a alma da oração, e a esmola é a vida do jejum. Ninguém tente dividi-las porque são inseparáveis.”
O silêncio:
“A especialidade do homem: o ruído. A especialidade de Deus: o silêncio.”
À alma que quer ouvir os chamamentos divinos é necessário o recolhimento, em primeiro lugar, por causa da discrição de Deus.
Deus age sempre da mesma maneira. Só o descobrem os que estão atentos. O soberano Senhor oculta-se atrás das causas segundas. Ele, que é a causa total, não quer ser a causa única. Desde o seu distante quartel general, Ele tudo dirige; mas os homens, em contato sensível apenas com os intermediários, esquecem o chefe supremo de quem tudo depende. É preciso refletir para descobrir a Deus. Deus põe em tudo esta sublime discrição. Ele passeia por sua obra em todo tempo e lugar, mas procede como no Paraíso terrestre: sua marcha é silenciosa, e é preciso estar atento para perceber seu passo, que quase não faz barulho na areia.
Quanta sede tem Jesus de fazer-se pequeno, de evitar aparecer!
Praticar o silêncio:
Está a alma em estado de graça? Deus se encontra já no coração da praça. Ali, convida incessantemente à fidelidade. Não espereis estrépito, é necessário uma humilde e silenciosa modulação o mais serena possível.
“Da mesma maneira que a água impregna a esponja docemente e sem ruído, o divino Espírito penetra sem violência na alma disposta a recebê-lo. Não se impõe; propõe-se. As visita forçadas repugnam à sua infinita delicadeza. Sua voz é doce, amiga do recolhimento e da paz. Para escutá-la, é preciso que se faça silêncio no interior”.
Uma prática bastante recomendável para o tempo da Quaresma é a participação diária à Santa Missa, com Comunhões bem feitas, e a frequência à Confissão. Nessa dinâmica, a nossa alma vai se identificando mais depressa à vontade do Divino Mestre, que toca o nosso corpo e a nossa alma por meio dos sacramentos.
Viva intensamente esta Quaresma e esteja preparado exultantemente, na expectativa de novos céus e nova terra, no dia da ressurreição.
Fontes:
https://padrepauloricardo.org/blog/silencio-a-especialidade-de-deus
https://padrepauloricardo.org/episodios/oracao-a-porta-da-santidade
https://padrepauloricardo.org/episodios/como-viver-bem-o-tempo-da-quaresma
http://deusprovera.com/site/formacao/86-eclesial/1245-as-praticas-quaresmais
https://rumoasantidade.com.br/espiritualidade/lembranca-morte-jejum-quaresmal/?amp