JUAZEIRO DA MINHA VIDA:
Tanto tempo, nem pensei que estavas vivo…que alegria quando te reencontrei, no silêncio daquela tarde, quase chorei…
Tu, amigo da minha infância, és história de minha vida e de tantos outros que a tua sombra viram embalar seus sonhos e de teus frutos saborearam, nas tardes quentes desse pedaço de chão, nas areias brancas onde fincaste tuas raízes tão resistentes quanto a força dos vaqueiros, bravos homens do meu sertão.
Passados tantos anos, nesse reencontro amoroso, olhei-te com tanto carinho que ninguém, senão a luz do sol que te alumia, poderia saber o que esse coração sentia.
Saudades de um tempo bom que se foi e que, por mais que se queira, não voltará jamais, deixando apenas lembranças do que foi infância bonita, sob teus galhos frondosos, nas noites de lua cheia e nos dias quentes das secas brabas, quando só tu tinhas o privilégio de permanecer verde, de pé, com o encanto de quem desafia a própria natureza.
Amigo, se pudéssemos falar um ao outro, quantas histórias contaríamos…quantas alegrias, tristezas e lágrimas lembraríamos, sem nada dizer ou lamentar do que foi vida e sempre será.
Hoje, aos teus pés, cuidando de ti, como irmão cansado, mas não desanimado, agradeço-te o que foi e ficou gravado no coração de um menino que, aos teus pés, aprendeu a amar sem medida.
Lembra-te quando aos teus pés celebrava missas com bolachas secas, sem nem saber o que estava a fazer, mas só por prazer de fazer o que Deus já me mandara aprender pra hoje fazer na comunhão indivisível com o eterno amado?
Ah! Velho e querido amigo, quão grande mistério nos une no tempo e para além dele; eu e tu, num canto à vida e na mesma e esperada esperança do que há de vir…
Obrigado, velho amigo! Pareces jovem, porém, tua história já é longa, bem o diz tuas raízes…entretanto, não pareces velho quando me dizes, no teu silêncio, que o que faz o tempo ser bonito é que ele carrega escondido a eternidade.
Nada mais a dizer…silêncio! Gratidão!
És testemunha de um grande amor de quem por aqui passou, sem nunca olhar para trás, sonhou e fez o que, hoje, eu quero reconstruir…
Saudades dos meus pais, Ramiro e Natália (em perpétua memória).
Padre Adilson Simões